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4 de dez. de 2016

RESENHA: O Lado Feio do Amor




O Lado Feio do Amor – Collen Hoover
Ungly Love



Qual seria o lado feio do amor? 

Uma traição?
Obsessão?
Abusos? Dependências?
Só e apenas luxúria?
Sado-masoquismo?
Diferentes tipos de relacionamentos: aberto, enrolado, livre, descompromissado? Que tal... casual?

Não vou negar que diante desse título curioso e alguns comentários intrigantes, minha mente viajou em qual seria o lado feio do amor. Desde traições e decepções até relações abusivas. Mas claro que eu realmente pensei que o livro fosse explorar a pootaria luxúria e talvez se esbarrar nos fetiches perversos para mostrar o lado feio do sentimento. Algo que fosse longe do que a gente considera “bonito”, ou melhor, convencional, no tão idealizado amor.



Eis que, contrariando todas essas minhas impressões, a Collen Hoover, traz outra feiura para o amor. Nada que a gente possa botar a culpa em x ou y personagem, ou na opção de relacionamento deles. Mas aborda as consequências do que nós não temos controle na vida e como isso afeta nosso lado mais belo de amar.


Tate Collins estuda enfermagem e para se dedicar ao seu mestrado, decide se mudar temporariamente para a casa de Corbin, seu irmão mais velho. Irmão piloto aéreo, quase nunca está em casa, cenário propício para desenrolar seus planos de carreira. Porém, Tate mal chega no andar e encontra um bêbado caído no corredor, atrapalhando a passagem logo de seu apartamento. Só que o que Tate não contava era que o bêbado fosse amigo, colega e vizinho de Corbin, Miles Archer, um cara enigmático, que esconde atrás de parede emocional um passado que não deve ser tocado. 



Ligando o botão da atração, Miles e Tate acabam se envolvendo... Mas sabe aquele papo curioso, companheirismo dividido, ou até afeto de casais? Esqueçam. A relação dos dois tem que seguir duas regras: 1- Nada de perguntar sobre o passado. 2- Não ter esperanças para um futuro. Ou seja, um puro relacionamento casual. 

Em capítulos alternados, temos Tate narrando o presente e a evolução da sua atração por Miles virar em paixão, e do outro lado Miles, descrevendo seis anos antes o grande caso amoroso de sua vida, com Rachel. Enquanto a narrativa de Tate é mais tranquila, as de Miles exalam sentimentos. Diante da apresentação de Miles distante e neutro do presente, a narrativa de Miles-Seis-Anos-Atrás acaba balanceando a equação. Sua descrição de paixão por Rachel é tão intensa que chega a ser um pouco pesada. Algo interessante, porém, é como esses capítulos são apresentados: o texto é centralizado para simbolizar o momento em que Rachel torna-se o centro de sua vida.



O curioso é que, com essa premissa, a minha expectativa de um livro que falasse de “amores não convencionais” estaria certa. Mas, a partir de toda a construção do livro e evolução dos personagens, o relacionamento casual não se mostrava como a parte denominada “feia”. Nem foi integralmente casual, já que desde o início um dos personagens era afetado diretamente pela atração que sentia do outro.

E é nesse ponto que eu fiquei meio frustrada na leitura. Com certeza o que mais me chamou atenção no livro foi essa ideia de casualidade. E a história me fez pensar muita coisa sobre relacionamentos. Desmitificar, até. Cada relação é válida para quem tá dentro dela, se ambos respeitam suas condições e se estão bem com elas. Então, se eles quisessem apenas se satisfazer e os dois tivessem ok com isso, direito deles. Mas e quando um lado só se submete nisso com a esperança de “algo mais”? 



Era o caso da Tate, que em determinado momento do livro era impelida a continuar num relacionamento que só fazia mal aos seus sentimentos, apenas na espera que Miles se apaixonasse por ela. Não vou culpar lados, já que desde o início eles combinaram suas posturas. E entendo a posição de Tate, pois ela sentia que alguma coisa nele poderia mostrar mais que indiferença. Mas, até que ponto esse “sentido” dela estaria correto? Se iludir pensando sempre que algo casual pode evoluir, e ficar dependente de algo que é apenas satisfação de desejo. Não tem nada de errado relações assim, se ambas as parte quiserem apenas isso. Eu confesso que o que me incomodou foi a dependência emocional da personagem e a discrepância dos sentimentos. Certo, que era porque a história foi narrada por ela e a gente não tinha acesso a versão presente do Miles, mas me incomodou mesmo assim.



Voltando a verdadeira mensagem do livro, o lado feio do amor aparece quando você perde seu coração em alguma parte de um caminho que era lindo. Um acontecimento ruim que sempre será associado àquele sentimento que antes era tão puro. Esse é o lado feio. O amor, a amizade, respeito, admiração e outros tantos sentimentos belos podem estar sujeito a ganharem lados feios igualmente, afinal é de imprevisibilidade que a vida é feita.

O amor pode ter dois lados. O que vai definir é como iremos lidar com eles. Se vamos nos fechar para o mundo ou encará-lo de frente, sentir as consequências e aprender com elas. Saber que as dores sempre estarão lá, mas o lado bonito também, nem que ele venha de formas diferentes das quais estamos acostumadas. O lado belo pode ser o centro de novo.



Por fim, meu aval final é que o livro foi bem gostoso de ler. Com seu caráter sedutor, suas cenas picantes, intensidade, aquela mensagenzinha e romantismo também, apesar de toda casualidade. E acho que foi aí que me frustrei no final... O romantismo trouxe sua carga de clichê enoooooooooooorme para o fim. O livro tinha um potencial bem maior para acabar de um jeito tão comum.  








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